
No final do corredor, depois da lixeira e atrás dos extintores, meio escondida, sentada no chão e encostada nas pilastras. Não se escondia de ninguém, nem fugia de nada (talvez só de si mesma), descascava o esmalte das unhas e observava a lua, não estava cheia, mas estava linda.
De repente chegaram alguns amigos, cumprimentaram, contaram umas piadas e foram embora. Ela continuou ali esperando alguém, esperando alguma coisa que a fizesse levantar e a levasse embora. Não precisava de motivo, não precisava ser alguém especial, nem carregá-la no colo. Só precisava ser alguém que quisesse ficar ali com ela, mesmo no frio, mesmo com coisas mais interessantes pra fazer, alguém que não olhasse o relógio e nem dissesse estar com sono, alguém que não se mostrasse apaixonado. Quem não estivesse ali por obrigação, nem por amizade, que suportasse seu estresse e sua depressão, precisa ser alguém que queira ficar por gostar de ficar, não por amor e com intenção de vê-la bem. - ‘não pode querer me levar embora, não pode querer ficar comigo em outro lugar, tem que querer ficar aqui, exatamente como estou, sentado, olhando a lua e calado, alguém que por querer ficar comigo, naquele momento, me levasse embora para todo e qualquer outro lugar.’
E ela então se levantou, porque percebeu que a única pessoa que poderia ficar ali com ela e levá-la a qualquer lugar estava sentada, no final de um corredor, olhando a Lua e esperando por alguém que não poderia ser ninguém menos que ela mesma!